terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Princípio da Contrariedade.


         Todo ser, desde as plantas até animais mais complexos, precisam sempre se proteger, seja de outro ser ou até mesmo dos seres da própria espécie. Um gato, por exemplo, ao ser acuado por um cão ele eriça os pelos, arqueia as costas mostra seus dentes e garras. Certas borboletas possuem estampas em suas asas que se assemelham á olhos, para parecer enxergar, outros animais mimetizam outros, pra parecerem ser venenosos... E assim em diante.

Na maioria dos casos o truque dá certo e é interessante como a natureza provém aos seres defesas de seus temores. Porém de certa maneira, que só a racionalidade humana permite fazer, isso também demonstra sua fraqueza! É como dizer:

            _ Olha! Eu finjo ser maior, pois na verdade sou pequeno!
            _ Eu finjo enxergar, pois daí eu não vejo nada!
            _ Me passo por venenoso, pois na verdade sou inofensivo...

De certa forma também vemos isso no ser humano em suas relações!!!

Não acha?

É só observar para ver que sim, só que no caso o mimetismo não ocorre de forma física e sim de forma verbal, pois o fato de usarmos a comunicação audível nos trás uma maneira mais direta de comunicar e nos relacionar com outros seres, de preferência os da mesma espécie.

E como isso acontece?

Bem, qualquer um já deve ter tido aquele dialogo com alguém, ao discordar, o outro ou até mesmo você virou e disse:

            - Olha como você fala comigo! Não grite comigo!

Ou:

            - Não aponta este dedo pra mim!

Quando na verdade você não gritou! E também nem apontou o dedo!


O que acontece é que a outra pessoa ou até você mesmo, ao ser acuado, perdendo a razão ou se vendo desmentido, parte para defesa e mimetiza já de antemão o que comumente o outro teria o direito de fazer com você, afinal ao ser desmascarado ou até mesmo quando você desmascara alguém isto parece nos dar o direito de erguer o tom! Já sabendo disso então o outro ser, em sua defesa e aos gritos pede pra você não gritar!
 
Talvez a compreensão seja melhor do que a explicação, mas em suma é o que eu chamo de Princípio da contrariedade, funciona da seguinte forma: para defender-se o ser mostra sua fraqueza ao mesmo tempo em que tenta antecipar sua força.



Existem várias outras linhas na qual podemos aplicar o princípio da contrariedade, como por exemplo: para negar a perda de afeto por alguém a pessoa procura trazer a tona fatos passados pra justificar a perda do amor, sendo que o ato levantado em questão foi causado por ela mesma, como a mulher que diz não esquecer que o homem, no período em que se conheceram estava mais interessado em outra mulher do que nela, quando na verdade isso só ocorreu porque ela mesma não mostrou o seu interesse; ou a pessoa que não fala claramente e espera que as atitudes sejam correspondentes aos seus desejos e quando isso não acontece culpa o outro por não ter pensado como ela queria; também pode ocorrer quando a pessoa para não executar um bom trabalho ela responsabiliza o outro pela falta de empenho, ou para não realizar uma tarefa nega ao outro a sua capacidade de realizar.

Podemos encontrar também a contrariedade na incompatibilidade.

É quando a pessoa tenta tornar falsa a argumentação do outro por diferenciar os valores, por exemplo: quando uma pessoa fala de uma sentença passada que agora perde o valor no presente, como dizer:
Acabou meu amor por você!

Então a outra pessoa tenta falar dos valores bons que tiveram na relação e a outra tenta tirar a qualidade destes valores mostrando que ela também valorizou e por estes valores não estarem mais presentes ambos tiveram um sentimento falso!
É a separação que só é falsa, pois na realidade eram verdadeiras!
Como se um fato do passado fosse agora diferente por ter diminuído a quantidade de sentimentos envolvidos. É a paixão que ascende forte e intensamente, mas como qualquer chama sem seu combustível acabou se apagando, ou seja, a quantidade perdeu o valor pela a qualidade.
 

Estar consciente disso cria outros rumos em uma discussão, mais, o mais interessante em tudo isso que vejo é:
Somos todos os seres incumbidos da mesma natureza.



O maior predador que temos somos nós mesmos, por isso agimos de forma contrariada.

Há um bom tempo tive um exemplo disso:
           
Um cliente me ligou falando sobre o serviço que eu tinha realizado em sua residência, quando trabalhava como eletricista, havia trocado os disjuntores, então ele me disse que não tinha feito nada! Que o problema continuou e que ele até chamou outro eletricista e este outro sim havia trocado os disjuntores do relógio e que ai sim resolveu, mas no quadro que eu arrumei ele não mexeu só que agora os chuveiros não estavam funcionando! Como tinha aquecedor não havia ligado ainda! Bom o serviço tinha ocorrido há mais de seis meses e só agora ele me liga! Fui lá e ele com aquele tom soberano, como quem diz: _ culpado do problema é você, já paguei e não pago mais...

Bem, testei a fiação e nenhum dos fios tinha corrente!


Pensei!

Só pode ser disjuntor de novo!

Fui ao quadro e os disjuntores estavam desligados!!!

Foi só ligar!

O cara ficou totalmente sem jeito!

É! As pessoas estão sempre querendo achar que a culpa é do outro! Como já dizia Raul!

E é tão fácil, às vezes, é só olhar pra si mesmo, mas as pessoas querem parecer fortes, sabias e por isso sempre o erro está fora, ao fazer isto todos só demonstram que o erro está dentro, e cometem erros até mesmo grotescos como: não olhar para o quadro de luz!

E mais uma vez o princípio da contrariedade agiu sobre o ser e sem saber o ser age sobre os outros sem se dar conta que o erro está ali bem a sua frente!

Este é o princípio da contrariedade!

Agora que você sabe observe a si mesmo a todo instante, pois em muitos momentos somos tão fracos quanto à contradição de nosso próprio ser.


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