domingo, 11 de agosto de 2013

Nossos Amigos Imaginários!

Nossos Amigos Imaginários!

O Paradoxo da Espontaneidade

            Estamos sempre falando e falando, assim que acordamos já pensamos em palavras e assuntos, lembranças e desejos, mas estamos falando com quem?

            Quando crianças, criamos nossos amigos imaginários, uma versão antecipada de nós mesmos para que com essas interações possamos criar nosso próprio “EU” geralmente quando não encontramos respostas dentro dos limites do mundo físico, no qual existimos, nosso “EU” imaginário é cheio de super poderes, em nossa visão infantil podemos voar e subir até os céus, mergulhar em águas profundas correr o mais rápido que podemos imaginar...

            No entanto nossa imaginação não opera com as chamadas “leis da física” que embora pelo nome “Leis” não são regras criadas por nós, são regras que descobrimos existir no Universo no qual vivemos, podemos fazer qualquer coisa, como na imaginação, porém dentro do conhecimento dessas leis. E assim vamos descobrindo que um carrinho para andar precisa de um motor, seja elétrico ou de combustão nos interessamos vagamente em entender seu funcionamento para que com o uso da imaginação possamos ter nosso carrinho mais próximo da realidade que nos cerca, análogo a isto também vamos construindo nossas emoções e nos satisfazendo quando nossos desejos são realizados, só não sabemos ao certo de onde vêm estes desejos!
           
            Podemos usar a imaginação ou nossas emoções para escolher nossa cor preferida, o sabor do sorvete que mais gostamos e assim descobrimos logo cedo que as emoções têm respostas para tudo e nossa imaginação é capaz de construir para nós o melhor caminho para termos realizados os nossos desejos.

            Mas até que ponto isso dá certo, ou melhor:

Até que ponto isso nos conduz a nós mesmos?

Não nascemos prontos ou pré-programados para sermos quem somos, somos o que somos por que nos tornamos a ser quem somos, construindo a cada dia o nosso ser, geralmente com a ajuda de nossos amigos imaginários.

Podemos achar que com o fim da infância os amigos imaginários se vão, porém eles só mudam de proporção e passam a ser não só o nosso amigo, mas o amigo de todos que em um senso coletivo se cria para compartilhar, sejam eles Deuses ou ídolos, grandes homens da história humana ou arquitetos de um avanço em nosso conhecimento e então o achar toma o lugar da certeza, da certeza de que esse amigo existe e está vivo entre nós!

Qualquer semelhança disso com as religiões não é mera coincidência.

Pra piorar ainda mais as dificuldades que temos na construção do nosso “eu” esses amigos são cheios de super poderes, geralmente vivem nos Céus muito longe de nós, embora lá do alto, são capazes de ver tudo que fazemos e nos envia respostas contando histórias do passado e mostrando a nós como eles usam seus poderes, principalmente para testar nossa lealdade e veneração.

A conhecida história de Jó é um exemplo clássico disso!

Como exemplo de lealdade e veneração Jó perde tudo que tem perante um semi-deus cruel que o tormenta para deixar de adorar a Deus e esse mesmo Deus ouve as dúvidas desse semi-deus e como num jogo de cara ou coroa através da proposta do semi-deus são verificados quais os limites que Jó é capaz de enfrentar para mudar sua opinião sobre Deus!

Mas Deus como nossos heróis imaginários com seus super poderes sempre acabam vencendo então como recompensa o mesmo Deus reintrega Jó tudo que perdeu.

Bom a história parece bacana, mas e a vida dos primeiros filhos de Jó, sua esposa e até mesmo seus bens eram apenas moeda de troca para a tentação do maligno?

(Mais uma vez quero afirmar que acredito na existência de Deus, porém dentro da própria ciência do Universo e não das idéias e histórias que foram criadas através dos tempos sem uma base mais profunda dos verdadeiros valores humanos que, aliás, ainda esta sendo construído pela própria humanidade).

Isto aponta para os erros que cometemos quando findamos nosso conhecimento em nossos amigos da imaginação sem buscar um avanço maior nos leva a estagnação do próprio conhecimento.

Estagnar é de certa forma uma maneira de manter a unidade entre grupos, assim como os animais que se submetem ao mais forte assim as sociedades humanas são submetidas às opiniões dos que as impõem perante a maioria a sua própria ignorância deixando de se antever ao verdadeiro conhecimento, é como perguntar ao líder como surgiu o Universo e em prosa a explicação vem apenas das poucas observações que este mesmo fez. Como a pergunta:

Quem veio primeiro o ovo ou a galinha?

Um líder, pajé ou ancião poderá dizer que toda vida começou de um grande e enorme ovo que em seu rebento originou todas as coisas, embora isso se pareça com uma versão primaria do Big-Bang não houve uma pesquisa de tal sobre o fato, apenas o relato de sua imaginação e sua totalização simplista do seu conhecimento.

Como esse relato é facilmente aceito pela maioria assume-se ser esta a verdade e poucos são os que ousam questionar seus lideres até mesmo por sua força e poder sobre os outros estes podem submeter ao castigo a ousadia, e então todos se calam e aceitam como verdade endêmica sua gestão sobre o assunto.

É notório que em todas as religiões ousadia e audácia muitas vezes merecem castigo!

Mas em nossa era atual isso vem mudando.

Nossos heróis não são mais mocinhos bonzinhos que fazem tudo certinho, eles às vezes têm ataques de fúria e também erram em seus julgamentos, como no artigo: Vilões os Verdadeiros Heróis
  http://reflexhuman.blogspot.com.br/2013/02/viloes-os-verdadeiros-herois.html

Sempre vemos entre os heróis que destruir é mais fácil que construir, os heróis usam os seus poderes e força para destruir o que os vilões construíram... Maiores detalhes você pode ver no artigo.

Nossos vilões nos últimos 300 anos são hoje os grandes heróis de toda sociedade ao descobrirem, por exemplo, que a Terra não era o centro do Universo, que os micróbios são responsáveis por certas doenças, o poder escondido dentro do átomo... A maioria dos grandes nomes da ciência passou por ridicularização da sociedade, até a vacina era relacionada como algo demoníaco e até violava a moral por exigirem que as mulheres exporem seus braços para os médicos!

Em meio a tudo isso nossos amigos imaginários começaram a perder seus poderes mágicos e ganhar conhecimento cientifico, nos quais todos estão sujeitos a ter perante uma sociedade que exige este conhecimento para produzir bens e serviços, em meio a isso as dúvidas sobre a existência de Deus ou de deuses surgiram já que a estes aparentemente não cabe nenhum poder perante as “leis” do mundo físico, e não são capazes de nos castigar por nossas falhas. Restou então o castigo divino, da alma que será julgada ao chegar do outro lado, a justiça na Terra é vista como injusta, mas no mundo imaginário onde vive nossa imaginação existem seres justos e corretos que castigaram os maus e beneficiará os bons.

Em nossa imaginação acreditamos que estamos sendo ouvidos seja por Deus ou pelo Universo e este nos atenderá, então como crianças ao brincar de ser adultos esperamos que os fatos ocorram de acordo com o que imaginamos, este é o Paradoxo da Espontaneidade!

Ficamos muito zangados quando os fatos não ocorrem de acordo com nossos desejos e estamos sempre esperando pela correspondência do Universo ou de Deus.

Em nossa mente tudo sempre acaba bem, mas o Universo muitas vezes não corresponde assim e com suas Leis segue consumindo o tempo enquanto nós sempre esperamos pelo momento futuro que este seja espontâneo ao bem que acreditamos merecer!

E quando não acontece nos sentimos injustiçados, reclamamos com nossa imaginação e buscamos mais uma vez entender de onde vieram os erros e as falhas. Este sempre vem de fora, do outro ou das outras pessoas que não souberam executar o papel que criamos e dificilmente culpamos nossa mente por ter criado uma ilusão que não veio acontecer no mundo real.

- Por que o Universo deixou escapar a oportunidade?

Perguntamos a nós mesmos!

A resposta nunca é e nunca será respondida, pois para quem tem o infinito o que importa como as coisas ocorram?

O que importa como você é ou o que você faz ou deixou de fazer se o próprio infinito ou o Deus eterno nos dá a cada segundo infinitas possibilidades de ser e de agir, de pensar e realizar, não há benevolência maior do que a liberdade de ser quem quer que você seja ou deseja ser neste nosso Universo regido por Leis, só precisamos segui-las para termos o que queremos e é claro que o Universo permite que coloquemos nossas convenções em um papel e estas possam empenhar uma direção em nossas vidas, como é o caso do dinheiro que em um simples pedaço de papel desenhado de forma a impedir fraudes, nos permite trocar o trabalho que empenhamos na sociedade pelo trabalho de outro alguém, pois tudo que criamos é fruto de um trabalho realizado e por incrível que pareça o trabalho é regido por Leis do próprio Universo que assim como o dinheiro também não permite fraudes e nem que se corrompa a ordem natural que o rege. Mesmo que não tenhamos total consciência de como e por que existe a força da gravidade e todos somos regidos por esta força (se bem que discordo com esta visão, de que a gravidade é uma força, mas isso é para outro artigo) e somente se buscarmos com nossa imaginação uma compreensão maior para poder escapar dessa força, por exemplo, ai então poderão levar nossos heróis ao espaço seguindo a lógica que rege o Universo.

Da mesma forma devem existir muitas outras lógicas que regem nossas vidas, mesmo que tenhamos o livre arbítrio sobre nós mesmos existe sim uma forma melhor e mais adequada para realmente conseguirmos o que queremos, se você quer amor, um amor humano maior que só o desejo do corpo, por lógica usar o corpo para obter amor é usar o sexo para amar, e o que é mais atrativo, o sexo ou o amor?

É obvio que o sexo é mais atrativo físico e real, já o amor é como o dinheiro, faz parte de nossas convenções dentro de nossa sociedade, ele não se vê, mas tem um valor compulsório sobre nossas vidas e nossa consciência, todos se agradam em ver um casal de velhinhos que dizem estar juntos desde a adolescência, no entanto quem quer na sua adolescência encontrar um amor tão duradouro assim? 

Então voltamos para nossa imaginação e nela os poderes da sedução podem ser usados para conseguir esse amor e fazemos em nossa mente a imagem do outro que deve corresponder a este desejo, só que sem regras ou como dizer sem seguir as leis do Universo realizamos os fatos desejando que realmente algo profundo dentro de nossas convenções, saiam da maneira que desejamos.
Só que neste mundo as regras se fazem de acordo com a imagem!

Um homem considerado atraente e com o poder que o dinheiro lhe trás sabe muito bem que pode seduzir a mulher que quiser e com este poder ele não vai em busca do amor e sim do prazer que sua própria imagem lhe permite ter, por outro lado às mulheres em mesma situação imaginam que com seu poder de sedução e sexo vai conseguir prender um homem no seu desejo de amor, na imaginação onde tudo funciona bem, a realidade e o objetivo de cada um ocorre até o ponto que eles se desencontram, o homem ao conseguir sexo já logo imagina que por ter sido fácil a mulher por mais linda que seja não serve para amar, em contra partida a mulher por ter conseguido seduzir acredita que esta segura em seu desejo de ser amada e assim cada um em seu paradoxo da espontaneidade vivem emoções diferentes em um mesmo contexto.

E então continuamos em nossa saga solitária e escondida dentro de nossa mente esperando encontrar a satisfação de nossos sonhos, mas não investimos nossa realidade para que isto aconteça dentro de um contexto mais profundo da busca que realmente desejamos.

Nossa querida amiga, a imaginação, se vê açoitada pelo nosso próprio comportamento e isso que nos leva ao sofrimento, é o desacordo que temos entre a imaginação e a realidade.


Se um homem realmente quer ser amado, respeitado e constituir uma família este não vai buscar isso em uma boate onde está cheio de mulheres achando que com sua sensualidade tem o poder de fazer o homem se entregar aos seus anseios, da mesma forma uma mulher que busca uma relação que seja de confiança e amor, alguém com quem ela possa realizar seus desejos mais eróticos e ter nesse mesmo homem um marido, companheiro e amigo, sabendo que no futuro a sedução se vai mais o sentimento fica não vai encontrar isso em um homem em pé numa boate com um copo de bebida na mão e cercado de outras mulheres.

Precisamos ser honestos com nossa voz interior e não só imaginar, mas falar, dizer e guiar nossos passos para o que realmente nos interessa e nos realmente importa.

Se por falta de um compromisso maior você for querer aproveitar a vida ao bel prazer de suas emoções, você pode fazer e viver isso, mo entanto até quando você vai viver sem os valores necessários para adquirir uma vida que seja verdadeira, no mundo real e na imaginação?

Nossos amigos imaginários só poderão te ajudar se você em sua espontaneidade tiver um rumo a seguir em harmonia com sua própria história para não criar paradoxos entre o que realmente se quer e o que realmente se vive.

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